A crise do Santos reabre o debate sobre o projeto Neymar.
- Filipe Trindade
- 18 de ago.
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Domingo de abertura do returno e roteiro atípico: quatro partidas, quatro vitórias dos visitantes. O Flamengo passou pelo Inter por 3 a 1, o Palmeiras arrancou um 1 a 0 sobre o Botafogo, e o Grêmio reencontrou fôlego ao fazer 3 a 1 no Atlético-MG. Ainda assim, o que parou o Morumbis foi a goleada: diante de mais de 54 mil pessoas, o Vasco atropelou o Santos por 6 a 0 — resultado já histórico.
Quem vive futebol sabe: a dor não tem classe social. Já provamos eliminações humilhantes, finais que escapam por um detalhe, goleadas para o maior rival. Vergonha, raiva, sensação de injustiça — tudo familiar. Mesmo assim, imaginar o que sente o santista nesta segunda é tarefa ingrata.
Não bastasse a goleada, ela veio no Morumbis, contra quem briga pelos mesmos pontos, e com Neymar liderando o time — 10 no peito, braçadeira no braço — numa noite que terminou como a mais dolorida de sua carreira.
Seria injusto transformar Neymar no vilão da rodada. Mas é impossível ignorar: o tropeço do Santos respinga no “projeto Neymar”. A imagem do camisa 10 em prantos, depois de render menos do que se esperava e de receber o cartão que o tira do próximo jogo, cristaliza a vulnerabilidade do projeto.
Como o time, Neymar não aguenta o papel de salvador. O gramado conta a história: vez ou outra aparece um bom jogo dele, outro do Santos. Só que, num passo atrás, o panorama é o mesmo — intermitência e pouca confiança.
O Santos precisa de chão. A goleada para o Vasco mostrou um castelo de cartas: um vento — a atuação precisa do oponente — e tudo ruiu. Enquanto o adversário tabelava, pisava a área e marcava como em noite de exibição, o Santos sublinhava que, avançado o calendário, ainda não se encontra como equipe.

A pergunta que fica: dá para juntar os cacos e seguir? Goleada não é epitáfio, é encruzilhada. A rota dependerá das decisões do clube, com a escolha do substituto de Cleber Xavier — demitido no domingo — no centro do tabuleiro.
Convencer um técnico de ponta, agora, será tarefa espinhosa: time ainda em montagem, arquibancada fervendo, dois pontos de respiro. Não cabe roleta. O Santos precisa de alguém que entre e, de cara, passe firmeza — para que as lágrimas do capitão não virem o retrato antecipado da desesperança.







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